domingo, 31 de março de 2013

short things. #23

Amor. Hoje vou falar de amor, algo que sinceramente não sei o que é, mas reconheço-o. Há quem o viva, e viva dele.
Amor (para mim) tem muitos sinónimos. Respeito, amizade, carinho, solidariedade. E tudo isto se pode traduzir em pequenos gestos, como um olhar ou um toque.
Amar é acompanhar o outro em todos os seus problemas, ajudá-lo a ultrapassar obstáculos para o resto da vida. Diz-se por aí que este tipo de amor, romântico e poético, já não existe mas eu conheço-o. E cresci com ele.
Amar é cuidar do outro "Na saúde e na doença, até que a morte vos separe."; Amar é caminhar de mão dada sempre que saiam à rua; Amar é suportar a doença do outro, não se esquecer de dar os medicamentos à hora certa; Amar é trocar de cama com o outro, apenas porque a sua é muito alta para uma pessoa de metro e meio; Amar é antes de sair de casa relembrar "As chaves de casa.", e repetir as vezes que forem necessárias; Amar é adaptar a casa ao mais frágil; Amar é dar banho ao outro, vesti-lo e calçá-lo;
Amar é ir às compras e ajudar a experimentar um casaco; Amar é pentear o outro antes de sair de casa; Amar é levantar o outro do chão quando ele cai; Amar é ajudar o companheiro a sentar-se, a andar, a comer; Amar é reclamar com o outro e esboçar um sorriso a seguir; Amar é contar vezes sem conta a mesma história, e rir-se sempre; Amar é não saber à quantos anos estão casados, e isso não ser problema; Amar é colmatar as falhas do outro e completá-lo, serem um só.
Após uma vida inteira de epilepsia, uma depressão, dois AVC's, inúmeras quedas e outras coisas mais a minha avó continua a caminhar pelo seu próprio pé, pela mão do meu avô. E isso só acontece quando se ama alguém. E sempre que algo não corre como eles esperavam, não há dramas porque melhores tempos hão-de vir e Deus escreve direito por linhas tortas.
Amar é o que os meus avós fazem desde que se conhecem, é algo que preservam e é algo que transmitem ao resto da família e à comunidade que os rodeia. Amar é dizer todos os dias que ela é linda, magra e jeitosa. Amar é nunca se cansar de repetir que ele é o homem da vida dela, que não podia ter encontrado melhor e que nunca alguém arranjará um homem tão bom como o dela.
Amar dá trabalho, mas compensa.


CatG* 

terça-feira, 12 de março de 2013

short things. #22


Eu tenho que aprender que as pessoas não são iguais a mim. Tenho que aprender a diminuir expectativas, porque nem tudo o que eu faço por alguém esse alguém irá fazer por mim. Mas dói. E gera revolta em mim. Quando dou o corpo às balas pelos meus e vejo que eles não fazem o mesmo comigo, o meu coração sangra. E eu choro.
Obviamente que se espera que demos sem esperar recompensa, retorno ou o que seja, mas a amizade é o maior bem que eu tenho e por isso prezo os meus, e os amo. E é por isso que me dói quando não reconheço que eles têm amor por mim.

CatG.

quinta-feira, 7 de março de 2013

short things. #21

Não percebes que simplesmente não dá? Não somos metades da mesma laranja, não apreciamos a mesma música ou o mesmo tipo de comida.
Tentámos sim, e tu o que fizeste à primeira oportunidade? Erraste! Um erro fatal, que nunca mais irei esquecer. Perdoar é completamente diferente de esquecer. As mulheres têm uma capacidade enorme de perdoar, mas não de esquecer. É para isso que servem os homens para esquecer, mesmo que não perdoem.
Eu admito, eu guardo rancor. Mas não posso fazer nada quanto a isso, é mais forte que eu. Parece uma força sobrenatural que me puxa, e eu não consigo lutar contra ela. Cada vez que olho para ti, quase que automaticamente me lembro da tua traição.
E assim, na verdade, é realmente impossível estabelecer uma relação. Eu não confio em ti, e não se partilha a vida com quem não se confia. A confiança é tipo virgindade, só se perde uma vez. E gostar não basta.
Saudades? Sinto, e decerto que irei senti-las mais vezes mas essas coisas ultrapassam-se com a ajuda do meu psicólogo, o Tempo. Costuma-se dizer que “o tempo cura tudo” e é bem verdade, nunca duvidei.
Acredito que somos e poderemos ser grandes amigos. E grandes cúmplices, mas não iremos passar disso.
Se te magoei? Se te usei? É capaz, chama-lhe o que quiseres, mas quando alguém trai a tua confiança quebra todos os sonhos e objectivos que idealizaste mas nem sempre consegues afastar-te logo dela. O sentimento não desaparece ao mesmo tempo, nem com a mesma facilidade.
Quando alguém quebra a tua confiança é como se partisses uma ripa de madeira, no entanto quando queres esquecer esse alguém é como se tirasses uma farpa de madeira do teu dedo. Primeiro dói, arde e fica vermelho. E tu tentas tira-la, mas é difícil porque dói ainda mais do que mante-la dentro da pele. Até que há um momento em que tu ganhas coragem suficiente para a retirar. Para sempre. Choras, choras mais um pouco mas lá acaba por sair. E choras após ter saído, porque agora tens uma ferida aberta, mas passado uns tempos já passou. Já não passa de uma cicatriz.
Eu ainda tenho a farpa no dedo, está infectada. E dói. Quando eu te arrancar de mim, tu vais saber. Vais perceber. Eu vou chorar, em casa. Sozinha. Mas no dia a seguir vou olhar para ti e sorrir, vou mostrar-te que está tudo bem.
Só nos magoam os que amamos, só nos desiludem as pessoas em quem confiamos. Não és tu, sou eu. Não consigo confiar. Já cai tantas vezes, já me custa acreditar. Quando alguém nos falha, o coração só atrapalha.


CatG*
The  return.

quarta-feira, 14 de março de 2012

short things.#20

Entre nós sempre existiram milhares de obstáculos, milhares de entraves. Objectivos de vida nada semelhantes, histórias de vida complicadas e o mais importante de tudo corações mal curados.
Tínhamos um puzzle por montar e quisemo-lo fazer em conjunto mas havia algo que não te deixava avançar, não  sei o que era, nunca soube mas também não é agora que quero saber. Não me interessa, já não me interessa. Quero seguir viagem e ir deixando a bagagem para trás porque as minhas malas são pesadas e dói-me ao carrega-las. Quero trocar de recordações e de memórias, quero um rosto diferente quando fecho os olhos e quero um coração novo sem feridas nem gretas. Mas isso não é possível, ninguém viaja sem pertences. Ninguém larga tudo, o passado não se esquece só porque nós queremos e o tempo as vezes só piora. Posso-me ir distraindo com muita gente, amigos, festas ou romances pontuais mas nada te substituirá a ti e ao que eu sentia. Graças a Alguém que já não sinto, sou cabeça dura e quando é para seguir viagem eu ponho os óculos de sol, faço as malas e digo adeus. Espero que a minha próxima jornada seja daqui a muito tempo mas que valha a pena enquanto a viver, se assim não for então prefiro que seja para breve e que não custe nada. O próximo bilhete que comprar vai ter como destino um banco de jardim no meio do nada com muito sol e é ai que vou esperar que a alguém ou alguma coisa me encontre.


CatG* 

sexta-feira, 9 de março de 2012

short things.#19

Não vou negar que já desejei ser diferente, que gostaria de mudar aspectos em mim. Gostava de ser menos sensível, gostava de ser mais fria e não me ligar tanto ás pessoas. Gostava de não ser de lágrima fácil. De ter um cabelo como os das modelos da televisão, um corpo de sonho e um rosto perfeito. Gostaria de não responder mal a quem me aparecer á frente quando estou de mau humor. Gostava de acordar já penteada e maquilhada de manhã. Gostava de não ter pessoas que não gostam de mim e de ter muitos e verdadeiros amigos.
Mas depois, regresso á realidade. Não tenho um rosto perfeito nem um corpo de sonho. Não tenho o tipo de cabelo que parece vindo do cabeleireiro. Não consigo ser fria. Mas sou real, existo e admito todos os meus defeitos. E o mais importante: tenho orgulho neles.
Sim, tenho mau humor quando acordo. Sim, sou muito desastrada e meto imensas vezes a pata na poça. Sim, não consigo ser demasiado fria com alguém e choro facilmente. Faço um drama quando vejo abelhas e grito cada vez que alguma borbulha começa a aparecer. Digo coisas e arrependo-me de seguida. Tomo atitudes reprováveis moralmente. Sou demasiado bruta por vezes, mas sempre com um toque de carinho. Não tenho milhões de amigos verdadeiros, mas os poucos que tenho têm milhões de defeitos, e sabes que mais? Eu adoro os defeitos deles.
Respiro sonhos, respiro vida, música, moda. Respiro carinho e amizade. Felicidade e muitas lágrimas. Sou imperfeição, mas todo o Humano real o é.
Não ligo a rótulos, e quando olho para o estado do mundo sinto-me feliz com os meus defeitos.
Sou aquilo que o mundo me permitiu, e sei que o mundo não me irá nunca desiludir.
Sou o resultado da brilhante educação dos meus pais e a transformação do carinho recebido de quem gosta de mim.
Sou adulta, e ás vezes tão infantil.
Sei que não sou melhor que ninguém, mas jamais irei permitir que alguém se julgue melhor que eu.
E tu quem és?

Adorava conhecer-te, concedes-me essa honra? Exacto, também achava que sim mas a tua insegurança é maior do que o teu carinho por mim por isso estou sentada num banco de jardim a ver os passarinhos a passar, enquanto espero que leias o livro da tua vida. Não demores. Não gosto de esperar. E tu... também não. 


CatG*

short things.#18

"It feels like home and there is no place like home." É.. Era assim, deixou de ser. Decidi fugir de casa, lamento a quem lá ficou e que vai demorar algum tempo a descobrir isso.
À primeira caiem todas, à segunda só cai quem quer e eu adoro andar de saltos sem torcer o pé.
Adeus ainda não, mas também não há-de faltar muito porque uma vez magoada, três vezes mais fria, dez vezes mais amarga, cem vezes mais cruel e mil vezes mais perspicaz.
Estás a ver a confiança que eu estava a aprender a ter por ti, foi-se. É, a ocasião faz o ladrão não é?
Ainda assim, obrigada só para não ter que me iludir de novo.
Beijinho no nariz*


CatG*

quinta-feira, 23 de fevereiro de 2012

short things.#17

Quando estou contigo... É um dar-nos mutuamente, é viver o momento consoante o rumo que lhe dermos, é preferir a liberdade de te amar à escravidão de te ter, é olhar-te nos olhos e sentir que me queres, é rir contigo, é aceitar as nossas diferenças e não amuar, é ir para casa e reviver o tempo que passamos juntos, é fazer e refazer frases para que tudo seja perfeito e acabar por falar sem pensar, é aprender a confiar de novo em alguém, é ser 'eu' sem máscaras , é não precisarmos de falar para estarmos em sintonia. 
É a minha mão na tua, é o teu fetiche pelo meu nariz, é o peso do meu corpo no teu, é a tua mão do meu pescoço... São as saudades e o desejo mútuo que controlamos só para que dê certo, é termos a 'nossa' relação, é não saber o que te chamar e adorar que assim seja , é não estar vidrada em ti e sentir-me preenchida, é seres meu e eu ser tua sem compromissos e andarem milhares atrás de nós, é querer-te e não te ter e ainda assim saber que estamos juntos, são os nossos corações a fazer BUM.
És tu e eu, somos nós... Durante o tempo que for e saber que vai valer a pena porque eu odeio o ‘para sempre’ mas adoro o ‘vou estar aqui contigo enquanto me quiseres’.
Porque é exactamente assim quando estou contigo.. Olhar para o relógio constantemente e desejar poder pegar nos ponteiros e atrasa-los uma eternidade. 
Porque é exactamente assim quando estou contigo... Tentar pensar e não conseguir porque o coração está no comando. 
Porque é exactamente assim quando estou contigo... Fechar os olhos e continuar a ver-te.
E é exactamente assim que eu quero que continue a ser... quando estou contigo.


CatG*